quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Prefeituras brasileiras, buracos financeiros e comunicação



Em muitos municípios brasileiros que registraram uma mudança política nas eleições de 2012, os novos prefeitos só agora estão a tomar consciência da verdadeira dimensão do buraco financeiro deixado pela administração anterior. Em muitos casos, os constrangimentos são tantos que nem há dinheiro para pagar a funcionários.
Verifiquei isso ao conhecer um município do Ceará, próximo de Fortaleza, cujo prefeito, em 1 de janeiro de 2013, começou um mandato de quatro anos atolado em dívidas e sem condições logísticas de atender devidamente a população. Uma irresponsabilidade tremenda por parte de quem saiu.
Por isso, o novo prefeito disse-me que só mais tarde poderá pensar em marketing e comunicação. Ora, isso seria um grande erro. Como diretor-geral da LPR Comunicação, disse-lhe que, para explicar aos servidores municipais e aos eleitores a verdadeira dimensão do buraco financeiro e as soluções que vai apresentar para ultrapassar uma situação caótica, é preciso uma estratégia bem articulada para gerir a informação e comunicar bem, para que todos entendam o que está a acontecer na prefeitura e aquilo que a prefeitura vai fazer pela recuperação da cidade.
No fundo, as organizações têm de comunicar sempre. Na comunicação política,  a comunicação não termina no dia da eleição. Pelo contrário. Um prefeito municipal deve começar a comunicar com os eleitores precisamente no dia da eleição. A minha experiência diz-me que é preciso comunicar sempre, não só para criar um bom entendimento mútuo entre a nova equipa da prefeitura e os eleitores, que irá formatar a nova imagem do município, mas também para ser proativo na afirmação da nova liderança e controlar os fluxos de informação, evitando ruídos comunicacionais de uma oposição partidária porventura mais experiente no combate político. 
Afinal, estamos sempre comunicando, mesmo quando não emitimos mensagens escritas ou verbais. Então, temos de controlar o que estamos a comunicar a toda a hora. No final da conversa, o prefeito concordou comigo. Foi um sinal muito bom.

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