sexta-feira, 20 de abril de 2012

A sessão fotográfica de Passos Coelho e Miguel Relvas


Nesta sexta-feira, o “Jornal de Negócios” analisa em destaque a estratégia de comunicação do Governo de Portugal. Em quatro páginas, alguns especialistas em comunicação procuram explicar as debilidades do Governo PSD-CDS/PP na sua comunicação com o País. A explicação, porém, pode ser vista logo na primeira página. Para ilustrar o assunto, o “Jornal de Negócios” publica uma fotografia, da autoria de Bruno Simão, na qual vemos Pedro Passos Coelho e Miguel Relvas em pose hirta, “momentos antes de iniciarem a sessão fotográfica para os cartazes da campanha eleitoral”, sendo de presumir que se tenha tratado da campanha para as legislativas de 2011.
Uma fotografia não é a realidade. É uma representação dessa realidade. Quando um político faz uma sessão fotográfica para escolher a imagem que vai ilustrar o seu cartaz de campanha ele vai certamente procurar a fotografia que melhor represente a ideia que ele quer dar de si. Mas ninguém tem de ficar a saber que para existir aquela fotografia foi necessário ter sido sujeito a uma produção em estúdio.
Uma boa comunicação é feita de detalhes. Assim como uma má comunicação também começa nos detalhes. Do ponto de vista da comunicação de um partido político, quando se permite que uma sessão fotográfica para os cartazes de uma campanha eleitoral seja aberta à presença de fotojornalistas (que vão lá para fazer “a fotografia da fotografia”, que será sempre a fotografia que os fotojornalistas querem, legitimamente, e não a fotografia que o político quer, como se fosse uma conferência de imprensa), o resultado só pode ser desastroso, como documenta a fotografia de primeira página que o “Jornal de Negócios” foi buscar ao seu arquivo para ilustrar o trabalho jornalístico de hoje sobre a comunicação governamental (ver resumos aqui, aqui e aqui).

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