sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Provedor do DN quer leitores críticos e exigentes


“Sinto-me do mesmo lado de todos os que estão interessados em transformar o jornalismo numa disciplina nobre. E a função que quero desempenhar é preparar o público para não levar gato por lebre. Tenho 37 anos de experiência no fabrico de notícias, portanto, posso levar ao público fórmulas para que ele perceba quando é que está a receber gato por lebre. Isso é o mais importante. O jornalismo precisa de um público preparado, crítico e exigente.”

“Os jornalistas do ‘Diário de Notícias’ conhecem--me há muitos anos. Mesmo os que não trabalharam comigo diretamente conhecem a minha forma de pensar, as intervenções públicas que fiz. Têm noção de que eu sou uma pessoa coerente. Mas eu não tenho aqui qualquer interesse punitivo. Defendo a crítica construtiva, um jargão muitas vezes utilizado mas pouco concretizado. O que eu vou fazer é apontar caminhos. Vou dizer que ‘isto podia ter sido feito de outra maneira’, mas não vou deitar sal nas feridas dos jornalistas.”

“Se o leitor quiser ser Salomé e exigir a cabeça dos jornalistas, poderá sair frustrado da minha reação. Da mesma forma, se o jornalista estiver à espera que o provedor lhe faça 'bilu-bilu' no queixo, poderá sair frustrado com a minha reação. É um diálogo de adultos, mas que terá de ser sereno e responsável. Tentarei fulanizar ao mínimo as questões. Interessa-me mais pegar no caso ou na crítica e analisar a substância do que quem foi o autor deste ou daquele artigo.”

“O jornalismo está a diminuir o número de pessoas com vontade de se levantar da cama para comprar o jornal. (…) Porque, provavelmente, as pessoas não se reveem tanto no que vem no jornal. (…) Há mais acesso de qualquer um de nós à informação, que não passa exclusivamente pelos jornais. Mas isso pode não ser necessariamente bom. Porque essa diversidade de plataformas também relativizou a credibilidade do mensageiro. Agora, nós já não dizemos ‘veio no jornal’. Isso era bíblico. Hoje, ‘vem na Net’, ou ‘vi no Facebook’, ou ‘diz-se...’”

“[A edição ‘online’] é uma área sensível, marcada pela rapidez de circulação da informação. Mas também, muitas vezes, pela falta de rigor. E não estou a falar do site do DN, em particular, mas sim no jornalismo ‘online’ genericamente. Nós, jornalistas, temos técnicas para escrever depressa. Mas o tempo para apurar o que aconteceu continua a demorar o seu tempo. Nós somos muito rápidos a escrever, mas continuamos a precisar de investigar.”

Oscar Mascarenhas, jornalista e novo provedor dos leitores do “Diário de Notícias”, que inicia funções neste sábado, dia 7, em entrevista ao “Diário de Notícias”, 05-01-2012. Ler a entrevista na íntegra clicando aqui.

Um comentário:

armando pires disse...

Os meus parabéns ao DN pela escolha do Óscar para Provedor do Leitor.
O meu abraço ao Óscar que já merecia uma distinção assim.
armando pires